O filme revela a paixão do jornalista, produtor e realizador audiovisual Felipe Cortez por
essa expressão cultural paraense. Era para ser um curta de 26 minutos, mas ao somar seu material de arquivo ao que foi capturado ao longo das gravações realizadas este ano, o filme ganhou fôlego com seu lançamento no último sábado (30 de outubro) no YouTube trazendo um conteúdo de quase 50 minutos.
Felipe estuda e pesquisa o Teatro de Pássaros, tendo registrado ao longo de anos, vários grupos que mantêm essa tradição viva na periferia da cidade e em todo o Pará. “É o nascimento de um filho que já está me acompanhando tem uns 10 anos, então acaba sendo também um sentimento de gratidão por poder organizar essas imagens em uma narrativa”, diz Felipe Cortez.
O realizador explica que o filme acabou ficando com um tempo maior justamente pela quantidade de materiais reunidos a partir de suas vivências e investigações acerca dessa cultura. “O filme ficou com 48 minutos, fugiu ao que tínhamos previsto no projeto, mas isso é natural, porque a gente tinha muitas imagens de arquivo que acabaram compondo com o que fizemos mais recentemente”, continua.
O resultado e todo o processo de produção, filmagem e edição deixaram marcas de satisfação e muitas alegrias junto à comunidade do Pássaro Junino. “Estou muito feliz, pela forma como a Iracema e a família dela abraçaram o projeto. Fomos muito bem recebidos pela comunidade do Pássaro Tucano. Aliás, onde nós chegávamos para filmar, éramos bem recebidos. Essa não é uma história só da Iracema Oliveira”, diz Felipe.
Ele explica que Iracema Oliveira é a personagem principal e fio condutor da narrativa, mas o filme, diz o diretor, "é sobre o Pássaro Junino que é uma expressão cultural muito
importante na nossa cena e que precisa ser cada vez mais conhecido. Envolve famílias na periferia da cidade, memória cultural e aponta caminhos para se fazer produção artística e cultural na periferia”, reflete.
Sobre o documentário : A trajetória de Iracema Oliveira, 84 anos, guardiã do Pássaro Junino Tucano, das Pastorinha Filha de Sion e coordenadora do Grupo Parafolclórico Frutos do Pará, é contada de forma reflexiva e cheia das emoções que foram trazidas à tona durante as entrevistas que mexeram com suas memórias.
A partir de uma abordagem poética e potente, além da voz de Iracema e de depoimentos de personalidades da cultura paraense, o filme é atravessado por cenas em espaços simbólicos para a cultura popular, como as ruínas do Teatro São Cristóvão, um lugar referência na apresentação de grupos de pássaros nas décadas de 1950 a 70.
O Pássaro Junino é uma expressão teatral nascida em Belém, a partir do contato de artistas populares com as companhias de ópera que vinham à capital paraense, no início dos anos 1900, na nossa Bélle Époque. Toda essa história também será contada por meio de imagens de arquivo, que recuperam a história do Pássaro Tucano.
Iracema Oliveira nasceu em Belém-PA no ano de 1937, filha do artista Francisco Avelino de Oliveira. Estrela de radionovelas e programas de rádio nas décadas de 50 a 70, fez Teatro, TV e Cinema também. Sua trajetória artística inclui a coordenação de Quadrilhas Juninas. Em 2006, foi homenageada pela escola de samba paraense ‘Cacareco’, com o enredo “Iracema Oliveira: Na arte e na cultura, a razão de viver”.
Além da direção, Felipe também assina o argumento e roteiro do filme. A direção de fotografia, ele tem Guilherme Paes Barreto, da Rec Filmes, e a consultoria da atriz, diretora, pesquisadora e dramaturga Ester Sá.
Serviço: Documentário “Iracema e o Brinquedo de Voar”, de Felipe Cortez. Disponível no YouTube. No dia 3 de novembro haverá uma sessão presencial e especial na sede do
Tucano - Associação Heranças do Velho Chico, na Rua Curuçá Telégrafo, no 1109.
Texto: Luciana Medeiros (91) 98134-7719 (HOLOFOTE VIRTUAL)
Comentários