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A centralização das políticas culturais é prejudicial para o sistema cultural e, como sempre, os municípios paraenses afastados de Belém tendem a sofrer mais.
#OuZeSaber!
O Pará acordou com a notícia de votação, em breve, de reforma administrativa da máquina pública. Internet afora, surgem trechos do Projeto de Lei que versa sobre o tema. Nas redes sociais, Deputados informaram que constam alterações na Secretaria da Mulher, extinção/fusão da FUNTELPA e extinção/fusão da Fundação Cultural do Pará.
As ambições do Governo com esse PL são lamentáveis. A centralização das políticas culturais é prejudicial para o sistema cultural e, como sempre, os municípios paraenses afastados de Belém tendem a sofrer mais. Uma única cabeça para gestar um reino anima a corte e oprime a plebe.
Verdade se diga: FUNTELPA e FCP não se privaram, grossa margem, de priorizar o setor cultural da metrópole (ah, o velho metropolitismo institucional cravado na estrutura do poder!). Não obstante, nos últimos anos, ambas as instituições (principalmente a FCP) empreenderam passos tímidos, mas importantes para a interiorização.
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Critiquei abertamente o projeto mais nocivo e metropolitista da história paraense - o famigerado Leitura por Todo o Pará -, mas elogio a presença da FCP em Feiras e ações de formação em regiões estratégicas do estado. Diria que a FCP, errando ou acertando, tenta. O mesmo vale para o trabalho desempenhado pela FUNTELPA, que volta e meia destaca temáticas relevantes para a população paraense. A extinção/fusão da FUNTELPA representa o fechamento de portas para muitas vozes dos ‘Parás’.
Jamais apoiarei qualquer iniciativa que desmonte os mecanismos de apoio à cultura dos ‘Parás’. Há alguns anos, perdemos o Instituto de Artes do Pará sob o pretexto de que sua fusão com a FCP traria eficiência para a gestão, o que vimos foi o sumiço da filosofia de trabalho do IAP.
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No Pará, não se confirma a máxima de que "vai-se o anel, ficam-se os dedos". Em fusões como as pleiteadas pelo PL da reforma (que também poderia ser chamado de PL do desmonte cultural), costuma-se sacar o braço inteiro, e nunca mais se volta.
Vale destacar que o objeto do PL do desmonte não foi discutido com a sociedade, tampouco houve consulta aos trabalhadores da cultura. Faz-se à revelia do povo e à fórceps. Anoiteceu grávido, amanheceu parido. O inchaço da cesárea virá daqui a pouco, junto com as dores tardias.
Que os deputados paraenses avaliem a sério as fraturas sociais que serão provocadas por essa reforma, e pesem, sobretudo, que na escala de carências futuras, o interior será o mais prejudicado. E o Governador Hélder sopese que, em termos de sistema cultural, qualquer cálculo que não seja de soma e multiplicação é terrível para a abrangência da mão do estado em território extenso e não qualitativamente integrado como o nosso.
Franciorlis ViannZa, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região.
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