top of page
Bons ventos para um pleito fundamental no segmento do livro e leitura: a consciência de classe.
#OuZeSaber!
Recebi convite para a cerimônia de posse/diplomação da Academia de Letras de Belém, a ALBEL. O evento ocorrerá no auditório do Palácio Antônio Lemos, em 10 de agosto de 2024, a partir das 17h.
Sinto-me feliz por este momento especial e histórico para a cultura de Belém, o dia em que a capital paraense terá o ato simbólico de estabelecimento de um silogeu municipal - momento de rito, de tradição, como manda o folhetim, pois, na prática, a Academia de Belém está fundada desde outubro de 2023, inclusive encontra-se devidamente registrada em cartório, com CNPJ em pleno vigor jurídico.
Pela diligência em legitimar a entidade e a condução do processo de criação, parabenizo a diretoria da ALBEL na pessoa de Rui do Carmo, Presidente, Rita Melém, Vice-Presidente, e demais diretores e diretoras.
Destaque para Anne Cavalcante, guerreira da Academia de Letras de Ananindeua, que tem atuado com expertise e companheirismo junto aos acadêmicos da ALBEL. Academia ajuda academia, escritores colaboram com escritores. Sinal de novos tempos na literatura paroara.s.
A ALBEL inicia sua jornada com inclusão e diversidade, com representantes de vários segmentos de Belém, e atenção especial com a cultura produzida na periferia da capital.
Lança precedente para resolução de uma velha e atual questão: o necessário equilíbrio de gênero entre os imortais. A Academia de Belém adotou um estatuto paritário. 20 homens e 20 mulheres, e, ainda, 10 cadeiras destinadas à diversidade compõem o quadro do silogeu.
50 intelectuais (30 agora. Atenção, interessados: há vagas!) representarão a vasta gama presente e pretérita dos grandes escritores e escritoras de Belém.
Bons ventos para um pleito fundamental no segmento do livro e leitura: a consciência de classe. Escritores também vão à luta, também se organizam e promovem ações de difusão, valorização e fortalecimento da cultura.
A ALBEL tem tudo para fazer a diferença no cenário literário de Belém, pois dispõe de vontade, garra, capacidade de mobilização e pessoas comprometidas com a magia da Palavra.
Faço votos de sucesso para a Academia de Belém, com o desejo de que ela mantenha a fraternidade e proximidade com as demais academias paraenses. Dessa feita, teremos um contexto sonhado por Ruy Barata. O autor de "Nativo de Câncer" presidiu, em 1980, a Associação Paraense de Escritores (APE), que visou, assim como o atual movimento de Academias de Letras, unir autores paraenses em torno de um bem comum: a melhoria do cenário do livro no Pará.
Idos de 80, este colunista sequer havia nascido (fatídico que ocorreria, sem confetes, em novembro de 1983). A APE se extinguiu quando eu ainda aguardava, toda manhã, a Xuxa voar em sua nave espacial de mentira. Mais de 40 invernos passaram, e hoje estamos aqui, uns 300 espartanos espalhados Pará afora.
Alimento a imaginação de que o velho Ruy se sentiria feliz ao ver o fruto do trabalho de escritores e escritoras que descobriram a força óbvia do associativismo. Talvez Ruy torcesse o nariz para o fato de que Academias de Letras estão capitaneando o movimento. Ruy mantinha restrições e reservas com as casas de Machado de Assis e do Barão de Guajará.
Peço ao Ruy (um cheiro aí em cima, camarada!) e ao povo paraense que olhe com atenção e sem estereótipos para os trabalhos que os silogeus paraenses têm realizado: feiras, congressos, festas literárias, concursos de novos talentos, lançamentos de livros, projetos em escolas, entre outros.
O labor das academias, a acessibilidade delas, e suas sensibilidades com os interesses comunitários são os melhores argumentos que posso utilizar em favor de uma ressignificação da relação entre sociedade e Academia.
Como canta Lulu Santos: "Tudo muda o tempo todo no mundo". As Academias de Letras do Pará ainda não mudaram completamente, mas estão em processo de mudança, e afirmo, como Presidente da Federação das Academias de Letras do Pará, que cada academia está empenhada em desfazer a imagem de entidade hermética e bebedora de chá que o senso comum brasileiro criou ao longo do tempo.
A ALBEL está aí para quem quiser constatar: o poder de agito cultural que uma academia manifesta quando seus membros trajam a beca da responsabilidade social.
Franciorlis ViannZa, periodicamente, vai abordar temas pertinentes do cenário literário e cultural de nossa região.
Anúncio
MAIS COLUNAS
bottom of page